terça-feira, 23 de março de 2010
Carro elétrico: Um dia, você ainda vai ter um.
E o carro elétrico está sendo vendido no Brasil (O preço, R$ 60 mil, é por si só, um choque!). Todavia, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel já havia feito protótipos de um mini-carro (Do tamanho do Reva i) na década de 70, chamado Itaipu. Uma pena que não obteve apoio governamental, por causa do Proálcool, senão os elétricos teriam feito cerca de 30 anos de Brasil.
Comparação entre o Reva i Indiano e o Gurgel Itaipu E-150, nacional, da década de 1970 (Gentileza Programa AutoEsporte)
Gurgel também fez uma versão "Itaipu" da perua G-800 (Que usava chassi de Kombi), chamada Itaipu E-400. Na verdade, a E-400 veio antes da "tradicional" G-800.
Itaipu E-400: Furgão elétrico num chassis de Kombi
Seu sonho morreu, mas pelo menos o sonho do brasileiro de ter um elétrico continua bem vivo. Tanto que os últimos modelos da Gurgel, BR-800 e Supermini, são os preferidos para fazer conversões para elétrico, conforme mostram este site e este site. Isso não impede, por exemplo, de se usarem modelos maiores, como o Gol, com motor de 75 cv de pico, ou mesmo um velho Fusca. Já há uma empresa convertendo carros da Fiat para abastecer na tomada de casa, e mesmo a Fiat e a Iveco (na prática, a mesma empresa) soltaram protótipos elétricos que usam, veja só, baterias de sal. Resta saber QUANDO eles estarão no mercado.
Buggy FCC 2 da Fiat do Brasil. Pena que é só um conceito...
Iveco Daily elétrico. No mercado quando?
E, se você quiser também entrar na "onda de choque" de andar com seu possante sem passar pelo posto de combustível, recomendo este site, que tem links interessantes para você começar a converter o teu possante - Pode ser moto, também - ou "ressuscitar" um veículo morto do ferro-velho só por diversão.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Vamos fundir Portugal... Ao Brasil!
Orgulhosamente acompanhados
Dizem os economistas mais avisados, os que ainda fizeram a 4ª classe antiga e por isso ainda sabem fazer contas, que Portugal, por volta de 2020 será o país mais pobre da União Europeia.
O problema é económico; é do endividamento, é de escala, é de recursos, naturais e humanos, é financeiro, é de marketing. Os nossos problemas estão diagnosticados até ao tutano e há décadas por resolver.
O mal está, como diz Medina Carreira, na economia mas o remédio está na política.
Portugal não tem escala. Somos poucos, temos uma fraca industria, reputação e não somos vitais no palco mundial. Podemos todos gostar muito do pais, e eu gosto, mas é apenas por ser a minha casa. Se amanhã desaparecesse a verdade é que pouco mudaria no mundo. Era como se desaparecesse o Paraguai, ou a Letónia ou outro dos pequenos, irrelevantes e periféricos países do mundo, dos que contribuem pouco ou nada para a causa do mundo.
O nosso melhor já foi dado faz tempo, há muitos séculos e hoje, não fora a língua, alguns escritores, alguns futebolistas, o nosso vinho do Porto, a nossa magnífica costa e o pedaço de Atlântico que nos “pertence” e por nada seriamos conhecidos.
Claro que estamos na Europa, mas estarmos na Europa é estarmos sozinhos pois a Europa está condenada a ser o que sempre foi: um conjunto de diferentes estados, línguas, e preconceitos que sobrevivem como sobrevive a cultura de cada pais. Os espanhóis serão sempre espanhóis, os franceses, franceses, os alemães, alemães e o ingleses, amigos dos americanos e desconfiados do resto do continente. E nós seremos sempre nós. Pequenos, periféricos, pobres e irrelevantes.
Para sobrevivermos e termos peso temos de ter ideias novas e pelo menos tão grandiosas como as que nos fizeram outrora maiores do que o tamanho do nosso pequeno canto. Ou então verificar-se-á a profecia há dias lida num blogue: “o rectângulo não tem solução”.
Sobre Portugal há duas teses:
“Isto não vai a lado nenhum” e “Deixa andar que a gente ainda se safa”.
A minha teses é a de que “Isto não vai a lado nenhum, mas que é possível que a gente ainda se safe se pensarmos fora do rectângulo, o tal que não tem solução”.
Podemos pensar, e devemos, que o problema é de política que afinal é a gestão destas grandes empresas a que chamamos estados.
Ora o que fazer quando uma empresa não tem escala, para competir no mercado global?
Ou demonstra uma incapacidade para resolver os seus problemas?
Ou chega à conclusão que sozinha não vai lá?
As grandes empresas associam-se uma com as outras. As grandes empreses fundem-se. As grandes empresas fazem mergers. As grandes empresas trocam participações ou então desaparecem.
E os estados? Se é tabu pensar em abrir mão de alguma independência, de alguma soberania para conseguir sobreviver e prosperar. Se nós não o fizermos então o “mercado” i.e. o mundo fá-lo-á por nós. E nós seremos uma velha retrosaria que mais cedo ou mais tarde vai dar lugar a uma dependência bancária, espanhola.
(Abre-se aqui um parêntesis para dizer que Portugal já se associou nessa associação complementar de empresas chamada União Europeia, mas como também já referi é uma associação de empresas concorrentes, histórica e culturalmente concorrentes.)
Imaginemos que nós e outro estado resolvíamos, que era vantajoso unirmo-nos. Para ter mais escala, mais vantagens, para ser maiores mais poderosos e para beneficiar dos recursos um do outro.
Porque não?
No tempo das descobertas as nações fizeram take-overs hostis umas às outras. Portugal também o fez. Mas Portugal a dada altura fez uma coisa inovadora e grandiosa e única até hoje na história, (como tanta vez o fizemos).
Uma vez Portugal, movido por circunstâncias várias mas soberanamente, fez um spin off de uma das suas maiores sucursais, o Brasil, e deu-lhe a independência.
E se hoje fossemos tão vanguardistas como outrora e fizéssemos a coisa moderna e inovadora que era fundirmo-nos com outro país?
Seria inovador dois estados fundirem-se, abrindo mão de alguma soberania, para ficarem mais fortes
Uma espécie de “troca de participações” com outra nação para criar uma super nação mais forte.
Fundirmo-nos com outro pais era fazer o que muitas grandes empresas fazem para ter economias de escala, para ganhar massa crítica e para serem mais fortes e para se reorganizarem de forma mais eficiente.
O candidato ideal seria o Brasil, claro.
Os benefícios são óbvios.
O Brasil é rico, grande, tem recursos naturais, é o maior falante da nossa língua e tem muito crowd o que num mundo onde cada vez é mais importante o crowd sourcing não é uma vantagem de somenos.
Nós temos menos para lhes dar mas mesmo assim temos alguma coisa
Temos uma agricultura mediterrânea (ou podíamos ter se a isso nos dedicássemos) temos azeite, o vinho e sobretudo temos a geografia e a Europa. Num mundo cada vez mais globalizado uma nação como o Brasil, que é uma federação de estados, ter um dos seus estados na Europa seria uma vantagem poderosíssima. Tornar-nos-íamos a mais poderosa nação atlântica
Criar-se-ia assim a primeira nação pan-continental.
Um pais global porque era da América e da Europa, do hemisfério Norte e do Sul e que aliaria a nossa velha vocação universalista à ambição Brasileira de protagonismo no palco mundial.
E resultaria?
Se resulta com empresas que são maiores que países?
Se resulta com empresas e empresários portugueses e brasileiros que trabalham cá em lá com o maior dos à-vontades?
Resumindo:
Sozinhos não vamos lá. Porque não fundirmo-nos com o pais com que temos mais afinidade cultural, o Brasil, de modo a criar uma nação pan-continental preparada como nenhuma para a globalização.
Claro que tudo tinha que ser muito bem referendado pelos accionistas que somos todos nós e, se talvez os brasileiros fossem mais difíceis de convencer, já nós, os portugueses, parece-me que estamos por tudo e não temos nada a perder.
Claro que como em qualquer fusão haveria problemas, lutas pelo poder, cedências, crises enfim dores várias que são normais nas mergers. Mas estou convencido que a fazer-se uma fusão esta seria a mais amigável de todas ao contrário por exemplo da Espanha que seria sempre um
Take-over hostil e que a prazo nos condenaria a ibéricos de segunda.
“Este país ainda vai cumprir seu ideal e tornar-se um imenso Portugal” cantou um dia o Chico Buarque. Pois eu digo de volta que este pais ainda vai cumprir o seu ideal e transformar-se num grande Brasil.
Um país, dois sotaques, duas feijoadas, dois fados (o nosso e a bossa nova que é o fado da praia) e com o melhor jogador do mundo na melhor selecção de futebol do mundo.
Pedro Bidarra
Originalmente tirado do Blog: